Cuidar da mente

Em 1992, a Federação Mundial de Saúde Mental (World Federation for Mental Health) decretou o dia 10 de outubro como o Dia Mundial da Saúde Mental. Esta data tem como objetivo consciencializar e chamar a atenção para esta problemática complexa.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde mental como um estado de bem-estar em que um indivíduo é capaz de lidar com as tensões normais da vida, trabalhar de forma produtiva e contribuir para a sociedade.


Na verdade, a saúde mental é mais do que a ausência de doenças mentais. Não podemos descurar que a saúde mental passa por uma conjugação da saúde física, emocional, psicológica e social, numa sociedade em que a vida é demasiado impaciente, as profissões exigem cada vez mais e nos suga o tempo para os afetos. É um problema de todos, pela forma como interagimos com os problemas, com os desafios, com os momentos tristes, com as exigências e as impaciências, como as dificuldades e com a forma como recuperamos ou não as energias diante das rasteiras da vida, como nos erguemos. Depende muito da nossa atitude.


Além disso, é importante salvaguardar também que esta não é somente uma questão de adultos. Engana-se quem assim pensa. A saúde mental começa nos mais novos e vai-se trabalhando à medida do crescimento. Há um longo caminho a fazer diante dos dados mais recentes que nos dizem que são cada vez mais os adolescentes com sintomas depressivos.


De acordo, com o site da UNICEF, em todo o mundo, a ausência de cuidados de saúde mental adequados causa sofrimento a crianças e jovens. Negligenciar a saúde mental na infância e adolescência pode impedir as crianças de usufruírem dos seus direitos e atingirem o seu verdadeiro potencial. As perturbações de saúde mental diagnosticáveis afetam cerca de 1 em cada 7 (14 %) das crianças e jovens entre os 6-18 anos de idade no mundo.


Para realçar o que disse anteriormente, folheei as notícias dos jornais de hoje e encontrei várias sobre o tema em diferentes jornais. Destaco duas: Quase 23% dos alunos de seis universidades em Portugal têm doença mental (Jornal de Notícias), A doença mental mata (Expresso). Este é um problema diário, não apenas de um dia. Os desafios estão aí todos os dias:


Um dos passos fundamentais para manter a saúde mental é o desenvolvimento da resiliência (a capacidade de enfrentar os desafios positivamente, ser tolerante e flexível) e do autocuidado (darmos atenção a nós mesmos e fazermos aquilo que nos dá tranquilidade e alegria). Se é fácil? Claro que não. Exige todo um trabalho diário. Mas se todos os dias dermos um passo nesse sentido, ignorarmos mitos e pedirmos ajuda quando sentirmos essa necessidade, talvez o caminho ganhe novas cores.

Elimina os tabus e os mitos que a sociedade te apresenta. Diz basta e cuida de ti e dos que te rodeiam. Não fiques indiferente. Deixo-te algumas dicas para os teus dias que podem ajudar a trazer alguma leveza:


- Cuida da tua saúde física: faz exercício físico, caminha, hidrata-te, mantém a tua alimentação equilibrada. Conheces a citação latina mens sana in corpore sano (mente sã em corpo são)?


- Reduz o teu tempo nas redes online e liga-te ao mundo real, às pessoas que estão ao teu lado, observa-as, sorri, olha para o dia. O tempo passa e não volta atrás.


- Estabelece objetivos, acredita e segue. Vais encontrar pedras no caminho, mas muitas delas permitir-te-ão construir algo inesperado. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo, disse Fernando Pessoa. Se não experimentares e arriscares, não vais descobrir.


- Prioriza o teu sono. Escuta o teu corpo e dá-lhe o tempo de descanso de que necessita.


- Se tens crianças em casa, não te esqueças de que as crianças saudáveis têm pilhas que duram, duram. Talvez exija mais de ti, mas o tempo em conjunto traz benefícios para a saúde de ambos.


- Encontra uma atividade que te preencha e que te ajude a libertar a tensão das rotinas e das preocupações, sem que te faça sentir ainda mais sobrecarregado de tempo: dançar, ler, cantar, escrever, desenhar, conversar, jogar, brincar, correr, fazer yoga...


Sabias que a Livraria Lello quer médicos a receitar livros e lançou uma petição para que Parlamento o decida? Depois de uma carta-aberta à Assembleia da República, em 2021, voltou a insistir, desta vez, com uma petição, em nome da saúde mental dos portugueses. O apelo é simples: Leia, pela sua saúde!


Elisabete Brito


Uma casa na Lua

Olá, convido-te para a minha Casa na Lua!

Elisabete Brito é doutorada em Sociologia, Mestre em Educação e Bibliotecas e licenciada em Literaturas Modernas. Na escrita mora a sua forma de ser, de ler e de estar, entranhada em tudo o que faz. Com as palavras pinta o mundo, costura os sentidos, reinventa os dias e, acima de tudo, brinca. Gosta dos abraços do mar, do charme das flores e dos segredos que guardam as noites estreladas, de andar com a cabeça nas nuvens e dos mistérios cheios de poesia.

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