Liberta-te

Desvio a cortina para abraçar a luz sem força para entrar. Está cinzento o dia. O dia perfeito para ser invadida pela tristeza. Não. Quem disse que os dias cinzentos devem ser tristes? O nome que te diz que nele mora a melancolia e a alma cinzenta?


Correm as nuvens. Apressadas. Altivas! Vem cheias de imaginação e consigo trazem montanhas ambulantes grotescas. Mesclam-se entre a bruma, o mistério e a simplicidade. Soltam os pingos que batem na janela e alimentam a terra.


Assim também nos alimentamos em cada trilho que escolhemos calcorrear, quando, livres, o fazemos. Quando olho à minha volta, vejo tantas vezes que para muitos isso não é o mais relevante. Teimam em conjugar o verbo ter. Insistem em rodear-se de tudo aquilo que é numerável. Mas o ter é fugaz e pode deixar-te descalço quando menos esperas. Os números sobem e descem e, apesar de tudo, são, tantas vezes, ocos. São aquilo que de forma mais imediata os outros veem.

Prefiro baloiçar descalça, saltar nos charcos, rir à gargalhada e sentir o eco lá ao longe, ainda que desconfigurado. Sentir a liberdade do vento no meu rosto. A liberdade de ser, de seguir o caminho onde me levam os sonhos, de escrever simplesmente porque sim. Fazer a alma sorrir.


Os dias acabam por trazer tantas vezes uma adrenalina que nos atropela a energia da cor que temos cá dentro. Se conseguires parar e olhar para dentro, experimentarás, muitas vezes, a sensação de marioneta numa sucessão de dias vazios, principalmente de ti. O cinzento que carregam as nuvens dentro de ti. À medida que o sentes vai pesando um pouco mais. Não carregues aquilo que não é teu. Só tu podes libertá-lo e pincelar as cores com que pulsa a vida. As cores que vem de ti e contagiam tudo e todos de calor, alegria, equilíbrio, amor, proteção, tranquilidade, leveza e esperança.


Já te apercebeste que liberdade rima com felicidade e, quando dão as mãos, os teus caminhos se tornam mais belos e a caminhada encontra um novo sentido?

Elisabete Brito


Uma casa na Lua

Olá, convido-te para a minha Casa na Lua!

Elisabete Brito é doutorada em Sociologia, Mestre em Educação e Bibliotecas e licenciada em Literaturas Modernas. Na escrita mora a sua forma de ser, de ler e de estar, entranhada em tudo o que faz. Com as palavras pinta o mundo, costura os sentidos, reinventa os dias e, acima de tudo, brinca. Gosta dos abraços do mar, do charme das flores e dos segredos que guardam as noites estreladas, de andar com a cabeça nas nuvens e dos mistérios cheios de poesia.

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