O tempo de sonhar e aprender

O calendário mudou de página e, com ele, inicia-se um novo ciclo. Setembro faz as honras a esta nova etapa. O verão e as suas extensas tardes vão dando lugar às folhas com cheiro a outono, trazendo de volta o burburinho das escolas. Abrem-se novamente os portões das escolas, trazendo uma orquestra de vozes que se misturam numa sinfonia de reencontros. Os abraços apertados pelas saudades multiplicam-se, os risos voltam a ecoar pelos corredores, minutos antes silenciosos, e as histórias de aventuras intermináveis desses dias longos ganham paulatinamente uma nova vida.

Alguns, no entanto, vivem a expectativa de uma nova etapa dessa história: os que iniciam um novo ciclo, que consigo traz sempre alguma mudança e muitas emoções. O primeiro dia é sempre o primeiro capítulo de um livro em branco, cheio de páginas por escrever. Dentro desta história não moram apenas livros e cadernos por explorar, nem mochilas pesadas de materiais. Dentro delas guardam-se muitos desafios e sonhos que se escondem por detrás de cada olhar.

Nunca é demais relembrar algumas premissas por estes dias:

. Se eliminarem o tempo de brincar por excesso de trabalho vão sentir na pele as suas consequências;

. As crianças aprendem a pensar, a ler e a raciocinar enquanto brincam;

. A autonomia é fundamental;

. Cada criança tem o seu ritmo;

· Com os erros aprende-se muito mais do que imaginas;

· Os abraços que esticam fazem bem em qualquer altura do ano;

· A atividade física regular faz bem ao corpo e à mente:

· Não sendo fácil de aplicar diariamente, que se multipliquem os momentos ao ar livre e dividam os dos ecrãs;

· A energia deve estender-se ao longo do dia;

· Os sonhos trazem consigo a esperança e, por isso, que ninguém ouse fechar-lhe a porta.

Nesta nova viagem, resta desejar que cada um encontre o seu lugar, descubra as suas paixões e fortaleça laços. O início do ano letivo é um convite ao recomeço e à construção do que ainda está por escrever, mas tenhamos presente uma ideia de Robert John Meehan que nos diz que a velocidade da aprendizagem não é o mais importante. Fundamental é encorajar a criança a nunca desistir. Fazê-lo cabe-me a mim, a ti e a tantos outros pais! Por mais tempestuosos que sejam os dias, não deixes de incentivar, acreditar e transmitir algo muito simples que conduz à persistência e à resiliência: quando tiveres medo, não tenhas medo de ter medo (Gizela de Brito).